segunda-feira, 17 de novembro de 2014

[evento] Questão de gênero: emancipação e autodefesa das mulheres



O evento "Questão de gênero: emancipação e autodefesa das mulheres" pretende debater o inquietante elo entre o imediato e o histórico na questão da emancipação feminina. Para tanto, convidamos representantes da UnB e da UFMS para mediar este debate. Trata-se de assunto polêmico, no que vale o esforço de pensarmos as ações individuais e coletivas do "hoje" e do "amanhã", as relações nos ambientes públicos e privados, de homens e de mulheres, enfim, na sociedade. Como atuar nos âmbitos micro e macro para a superação, vista e sentida ainda hoje, da assimetria de gênero? Quais são e como pensam as diferentes vertentes do feminismo a este respeito? Mas com pretensão de superar o debate meramente teórico, o Evento debaterá as recentes experiências dos Comitês de Autodefesa das Mulheres construidos e em construção em várias cidades brasileiras. Tratam-se de experiências para formar politicamente e realizar seções práticas de autodefesa das mulheres. Pensando a proteção no dia-a-dia e em protestos coletivos, os Comitês realizam treinamento da impostura de voz, bem como o fortalecimento moral e psicológico de jovens e trabalhadoras. Mas então, como os Comitês de Autodefesa podem se transformar em mecanismos de emancipação das mulheres? Venham debater conosco!

Dia: 25 de novembro (terça)
Horário: 12h - 14h
Local: Auditório do IH (Subsolo do ICC Norte, UnB - Campus Darcy Ribeiro)


* Ao fim do debate, haverá uma breve oficina de Autodefesa para as interessadas.


quinta-feira, 3 de julho de 2014

Hoje mais do que nunca, construir o braço feminista do sindicalismo revolucionário!

Este texto é uma contribuição do estudante Edson Guimarães, militante da Oposição CCI ao DCE-UnB, para o debate amplo e coletivo sobre luta pela libertação da mulher.



Hoje mais do que nunca, construir o braço feminista do sindicalismo revolucionário!
 



Edson Guimarães, militante da Oposição CCI*
 

“A luta de classes, fato histórico e não a afirmação teórica,
é refletida no nível do feminismo. As mulheres, como os homens,
são reacionárias, centristas ou revolucionárias. Elas não
podem, portanto, travar a mesma batalha juntas.”
Mariátegui, Reivindicações Feministas.

A construção do feminismo classista no Brasil hoje é um tema explosivo que vem gerando em diversas frentes de luta questionamentos, repulsa ou fortalecimento de um polo de mulheres combativas. Frente a uma sociedade fortemente marcada pelo conservadorismo patriarcal e pela mercantilização crescente do trabalho e do corpo da mulher, a luta feminista classista se demonstra uma necessidade inadiável. Apesar disso, tal construção bate de frente a um movimento feminista pequeno-burguês hegemônico e terá de se afirmar em uma dura convicção frente a uma “maioria” afundada em confusões teóricas, práticas e oportunistas, sob a pena de vencer ou se arruinar no pântano da luta fraticida (homens x mulheres) e/ou reformista.   

Para nós este é um debate central hoje não só na UnB como no Brasil. Atualmente dentro da esquerda e principalmente dentro de círculos universitários é comum escutarmos a defesa da importância do movimento de gênero, assim como do movimento de classe. Isto é fundamental e básico, pois o feminismo e a liberdade sexual assim como a igualdade social são elementos essenciais para qualquer organização revolucionária. Apesar disso, são costumeiramente tratados de forma separada. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Pautas de classe (“salariais”) e pautas de gênero (“liberdade corporal”).

Em nossa visão está na raiz dessa separação a concepção pequeno-burguesa de feminismo e do determinismo econômico que secundariza as opressões. Não adianta falarmos da sua transversalidade se ela não é pensada e colocada em prática. As deformações surgem dessa separação e o pós-modernismo e o marxismo reformista reproduzem este problema. A esquerda oportunista que elegeu o operário industrial como o único guia da revolução no Brasil, enxerga nos movimentos de gênero, assim como no movimento estudantil e camponês, setores pequeno-burgueses dispostos a apoiar o movimento revolucionário. Dessa forma pré-concebem a característica supostamente pequeno-burguesa (ou policlassista) do movimento de gênero e a potencializam, destinam-se assim a ser movimentos de apoio, e apenas isso, pois não é considerada a possibilidade se constituírem como autênticos movimentos de classe.

Dessa forma não se questiona a prática desses movimentos “de apoio”, simplesmente se adequa aos seus vícios pequeno-burgueses, considerados como inerentes a estes. A prática dos “Beijaços”, por exemplo, puxadas pela ANEL são defendidas enquanto ações anti-homofóbicas “inquestionáveis” apenas até os limites do movimento estudantil, já que no movimento sindical da CSP-CONLUTAS onde predomina a prática “séria” da classe, estas práticas não possuem nenhum eco, nem são incentivadas pelo mesmo partido, PSTU. Há uma clara descontinuidade nas políticas de classe e adequação a demandas pequeno-burguesas no ME e ao mesmo tempo burocratização da esfera sindical, que sob o discurso da seriedade descarta até a ação direta de classe, como um “desvio de juventude”. 

Já o pós-modernismo chega a resultados semelhantes, mas por outras vias. A sua critica as meta-narrativas, grandes teorias de explicação da realidade (a exemplo o próprio marxismo), levou a afirmação da particularidade como único critério do real, abandonando a idéia de um movimento unificado ou universal, para defender a idéia de micro-revoluções particulares. Essa influência conduziu os movimentos de gênero, negro, etc, a se fragmentarem e a se transformarem reféns das lutas reformistas, corporativistas, apenas por políticas públicas específicas sem vislumbrar a própria revolução social e o questionamento da ordem geral capitalista e sua superação (elemento fundamental para o anarquismo).

A concepção de uma das principais figuras públicas do MPL-DF representa bem essa concepção autonomista pós-moderna. Em entrevista a revista Darcy Ribeiro N°6, na matéria a “Voz dos Independentes” ela afirma: “Ninguém quer derrubar o Estado, a mudança pode ocorrer por meio de outras estruturas, de uma revolução cotidiana”. Assim, continua o particular negando o geral e o geral negando o particular, gerando diversas formas de reformismos.

O resultado prático é a negação da transversalidade, ou seja, a negação do um feminismo classista. Para contrapor estes problemas é preciso ter em mente duas ideias chaves: 1° que toda particularidade traz em si um germe de universalidade e 2° que a materialidade da classe comporta as particularidades econômicas, políticas e culturais, indissociáveis, e se estende muito além do operariado industrial atingindo todos aqueles que vivem do seu próprio trabalho. Neste sentido o movimento de mulheres trabalhadoras e suas pautas, ainda que particular em relação ao conceito de mulher em geral (abstrato), é o único capaz de levar suas pautas até as últimas consequências e de fato emancipar a mulher em geral (concreto), da mesma forma que apenas o movimento da classe trabalhadora visa libertar a humanidade em geral, e não o fará sem o movimento classista de Gênero e de Raça. O que isso significa?

Significa que o momento atual nos exige pensar nas pautas transversais que sintetizem ao mesmo tempo a condição da mulher e da trabalhadora. As creches públicas, direito ao aborto e hospitais 100% públicos e gratuitos, licença maternidade, igualdade e aumento salarial, política de contraceptivos gratuitos, direito a auto-defesa, educação sexual nas escolas públicas, vacinação gratuita, fim da violência nas periferias e espaços de trabalho\estudo, etc. Pautas que hoje são esquecidas ou muito difusas na Marcha das Vadias. Mas por que? Por que isso não interessa materialmente a um setor de mulheres que pelo fato de serem privilegiadas, por serem gerentes, patroas ou mesmo por possuírem boas rendas podem desfrutar de serviços privados e elitizados. O próprio capitalismo (e isso inclui mulheres capitalistas) se beneficia estruturalmente do machismo super-explorando as mulheres, e isto também é um fato. Por isso o feminismo classista é uma necessidade, pois só ele levará esta luta frente.

Dessa forma o particularismo (pós-moderno) e o economicismo (marxista-reformista) isolam o feminismo. Um é colocado no pedestal como única particularidade legítima, o outro como particularidade secundária. O corporativismo e a visão pequeno-burguesa dessa forma são reforçados. E não pelas vontades individuais, mas pela dinâmica do movimento que ao negar a centralidade de classe e do materialismo na prática (ainda que as vezes seja exaltado em palavras), leva o movimento a se centrar no campo do discurso, da jurisdição, do subjetivismo, se concentrando no denominador comum das “mulheres em geral” (inclusive a burguesa) se afastando e na maioria das vezes ocultando os interesses inconciliáveis das trabalhadoras.

Um exemplo disso é: de onde vem a concepção de feminismo da Marcha das Vadias, sua pautas, seus métodos e base social? Sua base social e de formulação ideológica são muito concretas, universitária e pequeno-burguesa (literalmente em muitos casos donas de estabelecimentos, exploradoras de trabalhadores). E a negligência da marcha das vadias a pautas das mulheres pobres e negras não é muito diferente da negligência que grande parte dos setores “feministas” da UnB, por exemplo, deram a demissão das trabalhadoras terceirizadas grávidas no final de 2013, ou as estudantes expulsas recorrentemente da Casa do Estudante também por gravidez (sem creches e direitos), que nunca tiveram uma campanha séria na Universidade de Brasília, a não ser pela luta travada pela Oposição CCI, ainda que limitada.  

A condição de classe, portanto é o que permite a transversalidade, unindo homens, mulheres, negros, brancos, indígenas, LGBT’s, entre outros por uma bandeira comum: a luta contra a exploração e a dominação, da qual todas as opressões são influenciadas e potencializadas, quer queira quer não. A forma de se quebrar o isolamento e o reformismo são unificar e ao mesmo tempo formular pautas e métodos específicos. Unificar sob duas perspectivas: a) Unir organizações feministas, étnicas, sindicais e estudantis, numa Central de Classe Sindicalista Revolucionária (que é o que defende a RECC); b) Unir a condição de classe com a condição de gênero.

A diferenciação dos métodos também é uma trincheira de classe, pois enquanto para a mulher burguesa o mundo ilustrado, da jurisdição ou da linguagem universitária, é seu campo por excelência de “combate” e privilégio, onde suas demandas são em parte atendidas e garantidas, já para as mulheres trabalhadoras este mundo não passa de ficção, só as greves, as manifestação de rua, ocupações, podem garantir a conquista das reivindicações concretas. Não adianta, portanto lutar apenas pelas leis (legalização do aborto, por exemplo), é necessário a reivindicação do sistema público e gratuito de saúde, e seguir na luta pela transformação radical da base material da sociedade.

A luta contra as opressões devem assim ser pauta de toda classe travando um combate cultural interno e estrutural para fora. É necessário para isso separar o conceito de contradição do de antagonismo. Mulheres e homens trabalhadores vivem uma contradição cultural (nem por isso menos material) que não será superada pela destruição de um dos lados, mas sim com a luta pela igualdade, a autocritica e a disseminação de uma cultura e prática libertadora. A exploração de classe é um antagonismo (irreconciliável), que busca a destruição da burguesia, se desenvolvendo para um combate frontal, uma guerra física, dada que estão baseadas em relações de propriedade, interesses e posições econômicas (que inclusive fortalecem o machismo).

O protagonismo da mulher de forma geral é então entendido por nós, não como o de qualquer mulher, mais o da mulher trabalhadora, de seu programa e de seu método. A ideia da representatividade simbólica da “mulher em geral” é diferente de nossa perspectiva de protagonismo. Primeiramente por que o objetivo é garantir o protagonismo feminino na luta pela revolução e não na representatividade dentro das instituições burguesas (parlamento, diretoria de empresas, polícias). Segundo, um avanço não se dá pela simples ascensão de uma mulher ou oprimido ao poder, ou pelo monopólio da fala e do espaço, e sim do conteúdo de seu programa e de seus métodos (o feminismo classista), e isso pode ser feito por mulheres e homens conjuntamente, mas nunca sem as primeiras. Isto é tão dramático que o capitalismo neoliberal vem se utilizando recorrentemente do discurso e da representação simbólica dos oprimidos (vide Lula o Operário, Dilma a Mulher e o Obama o Negro), para perpetuar a própria opressão sobre essas “minorias”, farsa que a esquerda e setores autonomistas muitas vezes reproduzem na sua ação cotidiana, de forma inocente ou oportunista para a perpetuação de seu próprio poder (como visto na ação dos governistas na greve das IFES de 2012).

 Por fim, aponto que é a questão material (entendido em seu sentido amplo e não apenas econômico) que permite tirarmos da marginalidade do “discurso inclusivo”, da ideologia neoliberal, a exploração e o machismo escamoteado nas ações patronais, instituições e nas causas sociais que levam o povo a se embrutecer e a se oprimir mutuamente. Dessa forma, o feminismo classista é a perspectiva transversal e nosso objetivo deve ser no plano geral unificar e não dividir homens e mulheres. É necessário dar continuidade a esta construção e aprofundá-la, desenvolvendo uma verdadeira ruptura com o feminismo burguês e atacar a farsa do discurso da “inclusão”. 

Viva as mulheres anarquistas que deram suas vidas a libertação das mulheres e do povo trabalhador! Resgatar sua história e exemplo!
 Viva Lucy Gonzales Parsons, líder operária negra!
Viva Louise Michel, líder das barricadas da Comuna de Paris!
Viva Fanya Baron, exemplo de abnegação e luta!
Viva Espertirina Martins lutadora do movimento operário brasileiro!

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Organizar a luta por direitos e construir a Greve Geral!


Toda solidariedade aos estudantes processados injustamente na UnB!


Cartas de um estudante processado e perseguido politicamente pela Reitoria

Divulgamos abaixo duas cartas enviadas pelo estudante Leon, um dos oito processados pela Reitoria de Ivan Camargo por participar em um catracaço no Restaurante Universitário no ano passado. Nós da Oposição CCI repudiamos essa perseguição política dentro da UnB e daremos nossa solidariedade militante para por fim a esses processos absurdos! Somos tod@s Catraqueir@s!


CARTA À REUNIÃO CONTRA A PERSEGUIÇÃO POLÍTICA NA UNB (Realizada no Centro Acadêmico de Sociologia, em 27/05)

"Camaradas de luta,

Não pude me fazer presente hoje na reunião pois agora estou no trabalho, mas gostaria de expor algumas reflexões. Comecemos pelo óbvio: a reitoria está nesse momento criminalizando a luta por direitos dentro da UnB seguindo o exemplo de reitorias e governos no país inteiro, e aguardou  fim das eleições do DCE para isso. Os processos contra alguns estudantes participantes dos catracaços no RU realizados ano passado (2013), possuem como único objetivo "cortar algumas cabeças" para amedrontar o resto do movimento estudantil que ainda não se vendeu ao governo e à reitoria. 

Por trás do discurso de manutenção da "ordem e da legalidade" o que vemos são interesses políticos e empresariais em prol das empresas terceirizadas que hoje tomam conta por completo (inclusive em sua gestão!) do nosso Restaurante Universitário. A defesa de uma suposta legalidade cai por terra quando vemos que todos os dias trabalhadoras terceirizadas tem seus direitos negados, são demitidos injustamente, tem seus salários e direitos atrasados, bem como a comunidade universitária que agora está sendo expulsa pelo preço abusivo (10,00 reais) e pela superlotação do restaurante. Além disso, ao invés de expandir o RU, ou pelo menos abrir todas os refeitórios, a "empresa gestora" utiliza a mesma lógica do transporte: quanto mais cheio melhor, ou seja, quanto mais caótico melhor, e eis que surge a solução eficiente, gourmet e para poucos privilegiados! Além disso, a reitoria vê a gratuidade para os alunos pobres como uma política de "cala a boca". Afinal, quando esses mesmos estudantes buscaram ampliar seus direitos o que aconteceu? perseguição, criminalização e processos absurdos contra os estudantes.

Camaradas, estamos nessa luta juntos por direitos aos estudantes pobres e trabalhadores, e não devemos temer os ataques de qualquer autoridade. Nossos vizinhos da UFG estão enfrentando prisões políticos sérias por parte do governo de Goiás. Greves estão sendo judicializadas e reprimidas pelo país. Mas a cada dia, mais e mais pessoas saem às ruas, se organizam, e vão aos mais diversos protestos. Portanto, devemos reconhecer a nossa luta na UnB como parte desse processo nacional de lutas que ameaça estremecer as bases desiguais e autoritárias do nosso país e, portanto, também da nossa universidade. Avancemos, sem medo e unidos! A nossas formas de luta são legítimas e necessárias! Abaixo os processos políticos e a repressão aos estudantes da UnB!Somos todos catraqueiros! 

Forte abraço a todas e todos os bravos lutadores!

Leon, mais um processado político."


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CARTA À ASSEMBLEIA INDEPENDENTE DOS ESTUDANTES (05/06)

"Camaradas de luta,

Mais uma vez serei impedido, por conta do trabalho, de participar desse importante momento, a Assembleia independente. Porém, assim como fiz na reunião no CASO, gostaria de refletir sobre algumas temas. Nesse momento, a uma semana do primeiro jogo da Copa, devemos ser responsáveis com as lutas que pipocam pelo país inteiro, e pensar seriamente na mobilização dentro da UnB. Queremos fazer uma grande luta, e iremos com certeza, mas nem todos os caminho levam a Roma, precisamos nos orientar.

Primeiramente, os protestos desde junho de 2013 demonstram que na luta por direitos não se pede permissão para "senhor ninguém". As representações meramente oficiais, as entidades que viraram órgãos burocráticos, foram e serão atropeladas: partidos, sindicatos, DCEs. Depositar esperança nelas é o caminho para a pior das derrotas. Por isso que hoje é correto ser independente do DCE e suas instancias. Isso não é ser sectário ou pregar divisões e picuinhas. O DCE a alguns anos se tornou um órgão meramente oficial, sem impacto na organização coletiva dos estudantes. O DCE virou absurdamente um propagador do individualismo! Nesse momento, ser independente do DCE é ser responsável com nossa luta, da qual eles não são. Ser independente do DCE é priorizar a ação prática ao invés das formalidades e burocracias. O mesmo vale para a UNE e seus conselhos apodrecidos. Porém, isso não significa negar possíveis reuniões com a reitoria ou a necessária atuação jurídica, mas saber que as possibilidades de vitória estão nas ruas. A nossa capacidade de mobilização é que vai decidir a vitória ou a derrota, e não o número de UnB-DOC's ou reuniões de enrolação.    

Por último, gostaria de dizer que não existe uma "identidade de perseguido" onde apenas os próprios sabem o melhor para si. Estamos tratando com um fato político objetivo: a perseguição a alguns estudantes que atingiu todos os movimentos de luta na UnB. Para esse fato político existem diferentes opiniões políticas, ou seja, a verdadeira questão não é a autoridade moral do perseguido, mas as proposta que farão nosso movimento avançar. Quando dizemos que a repressão a um é uma repressão a todos devemos levar isso até as últimas consequências. Já presenciei muitas vezes essa concepção que dá legitimidade exclusiva a alguns "atingidos" e ela só levou ao esvaziamento da luta, só levou a fragmentação: os legítimos e os ilegítimos. A luta não é apenas pela retirada dos processos, é contra a repressão política na UnB, e isso envolve diversos setores. Esse, na minha humilde concepção, é o único meio de massificar nossa luta. 

Camaradas, nesse momento precisamos estar unidos e organizados, precisamos saber distinguir nossos amigos e inimigos. Permitir que se persiga um manifestante hoje, seja na UnB, na UFG, nas favelas, ou nas greves rebeldes, é preparar o terreno para o despotismo e a Tirania, levadas a cabo tanto pelos governos de direita quanto pelos governos do PT. Vamos nos cobrir de solidariedade, vamos nos esquentar de fraternidade verdadeira, e que isso alimente nossa ação para arrancar nossos direitos. Chega de pedir e mendigar. É hora de tomar o que é nosso. 

Forte abraço a todas e todos,

Leon, mais um processado político."

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Eleições DCE: para combater os liberais e a pelegada, apoie e vote chapa 3 - UnB aberta pra quebrada

A Oposição CCI realizou um chamado público para construção de chapa para eleições do DCE e neste processo formalizamos a Chapa 3 - UnB aberta pra quebrada! Diante da paralisia do movimento estudantil em se forjar sujeito de suas ações e da política pró-mercadológica e meritocrática da gestão Aliança pela Liberdade, não haveria outro caminho a não ser lhe opor um programa da esquerda combativa. A Jornada de Junho e o espírito de combatividade popular visto desde o ano passado, principalmente entre a juventude, nos obriga a trazer este mesmo espírito para a universidade, organizando a revolta em nosso local de estudo. Chamamos todos os estudantes da UnB, apoiadores e simpatizantes da Oposição CCI, a conhecerem nosso programa de chapa e tomar partido nestas eleições. E o mais importante, continuar lutando conosco no dia-a-dia, pois movimento estudantil é muito mais que eleições de DCE!


segunda-feira, 7 de abril de 2014

Formação de chapa para eleições do DCE-UnB

Reuniões para discussão do programa e organização de chapa:
>> 08/04 (ter) - 12h
>> 10/04 (qui) - 18h
>> 14/04 (seg) - 18h
>> 16/04 (qua) - 12h
Local: Mezanino do ICC Norte

Os últimos dois anos foram marcados pelo burocratismo e apatia política do DCE nas mãos da direita liberal - Aliança pela Liberdade (do capital, diga-se de passagem). Nos anos anteriores, as gestões do PT e antes do PSTU e PSOL tiveram responsabilidade por iniciar a sedimentação dos debates rebaixados e senso comum através de reivindicações pragmáticas e atuações burocráticas nos conselhos superiores. A política da Oposição CCI sempre foi encarar as eleições de DCE ou mesmo de CAs como táticos, e não estratégicos, pois é possível construir um movimento estudantil a despeito das estruturas de entidades, avançando pela base - é o que fazemos a sete anos. Mantemos esta política. No entanto, compreendemos que este ano é crucial atuarmos nas eleições de DCE para realizar uma contra-propaganda da direita, do governo e dos reformistas em geral. Uma contra-propaganda baseada na organização por cursos em vista a construção positiva de uma universidade a serviço dos trabalhadores. Por este motivo, convocamos especialmente os estudantes-trabalhadores e vinculados aos programas de assistência estudantil, os moradores da periferias do DF e do Entorno, os camaradas que ousaram sair às ruas nas Jornadas de Junho: vamos organizar pela base um movimento estudantil aliado às causas populares e de combate contra as injustiças do Estado e capitalismo! Este ano temos o dever de trazer a revolta popular contra a copa e a farsa eleitoral ao nosso local de estudo e fazê-la generalizar por todo DF e Entorno. 

Compareça às reuniões de formação de chapa!
Traga sua experiência, proposições políticas e disposição para lutar!
Organizar um movimento contra a direita e a pelegada!
Construir a greve geral contra a copa do mundo!


quinta-feira, 3 de abril de 2014

DITADURA NUNCA MAIS!

Abaixo a ditadura de ontem e de hoje! O governo do PT/PCdoB/PMDB repete nas entranhas das instituições o regime de terrorismo do Estado ditatorial de 1964! Beneficia o empresário no parlamento e mata o pobre nas favelas e campos! Não nos renderemos: ditadura nunca mais!


Protesto nas ruas e tomada da Administração Regional do Paranoá/DF marcam o 28 de Março no Distrito Federal!







 


                No dia 28 de março, dia nacional de luta dos estudantes, ocorreu no Paranoá (periferia do Distrito Federal) uma manifestação em defesa do Transporte e da Educação pública. A manifestação reuniu estudantes do colégio Darcy Ribeiro, do Centro de Ensino Médio 01, do Centro de Ensino Fundamental 02, da Universidade de Brasília e de trabalhadores em geral. A manifestação que foi organizada pelo Comitê de Luta Popular do Paranoá e Itapoã, organização independente de moradores e estudantes da comunidade, também contou com a e apoio direto da Rede Estudantil Classista e Combativa (RECC) e presença do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e de militantes do Movimento Passe Livre (MPL).

O trabalho de agitação e organização nas Bases


                Cerca de duas semanas antes da manifestação, os estudantes do Darcy Ribeiro já estavam se organizando para o 28 de Março, foram feitas panfletagens, colagem de cartazes, e especialmente um vídeo-debate que reuniu cerca de 20 estudantes da escola onde houve um debate acerca da história do movimento estudantil, a luta contra a Ditadura, o assassinato de Edson Luís, bem como da atual repressão e das tarefas dos movimentos estudantis e populares. Os estudantes do CEM 01, apesar de terem se envolvido posteriormente, já estavam travando uma luta pela reforma das cadeiras da escola, que estavam destruída ou inexistentes. A verdade é que as escolas estão sucateadas, sem o repasse de verbas do PDAF, sem quadras esportivas cobertas, enfim, o que não falta são motivos pra lutar.

                Como preparação para a manifestação, foram recolhidas mais de 600 assinaturas para um abaixo-assinado a ser entregue na Administração Regional do Paranoá em que o Comitê de Luta Popular fazia 5 reivindicações: 1) Ampliação das linhas e frota de ônibus do Paranoá, Itapoã, especialmente da área rural; 2) Passe Livre Estudantil sem restrição de linhas e dias; 3) Reforma e cobertura das quadras esportivas das escolas; 4) Repasse imediato da verba pública às escolas (o PDAF); 5) Ampliação do espaço físico, acervo e horário de atendimento da Biblioteca Pública do Paranoá. Não era um ato somente estudantil, as reivindicações tocavam também em pautas históricas da comunidade.

                Já na UnB, os estudantes organizados na Oposição Combativa, Classista e Independente ao DCE (CCI) fizeram também durante todo o mês de março um forte trabalho de agitação e propaganda, com colagens de cartazes, panfletagem, debates, pichações, etc. Também em várias cidades da periferia foram realizados trabalhos de propaganda, como nas escolas do Gama, Recanto das Emas, Planaltina. E tudo isso propagando o 28 de Março, pela "Greve Geral Contra a Copa", por memória e justiça aos mortos e torturados na Ditadura, bem como por um novo movimento estudantil combativo.

A manifestação: ocupação das ruas e tomada inesperada da Administração


                A manifestação se concentrou na praça central do Paranoá, a 13h da tarde. Lá foram chegando os estudantes das escolas, da UnB e trabalhadores que apoiam a causa. Foram feito piquetes nas estradas e saídas das escolas. A manifestação saiu então pelas ruas do Paranoá fechando todas as vias. A polícia militar, que já se encontrava desde cedo rondando as escolas e a praça, bem que tentou "furar" a manifestação para abrir uma via, mas sua tentativa foi frustrada frente a determinação combativa dos estudantes.

                Além de um ato reivindicativo, a manifestação foi uma verdadeira agitação contra a Copa do mundo da FIFA e contra a repressão militarista da Ditadura até os dias atuais. Além disso, a muito tempo que a população do Paranoá não participava ou presenciava uma manifestação no próprio bairro. Milhares de panfletos foram distribuídos aos trabalhadores e àqueles que passavam ou esperavam o ônibus, e o povo retribuiu com grande entusiasmo e dando uma caloroso apoio à luta.

                Chegando à Administração os manifestantes forçaram a entrada na grade e na porta de entrada, conseguindo sem grandes dificuldades abrir caminho entre burocratas e seguranças. O que impressionou foi a fúria do chefe de gabinete, Guilherme, que desferiu socos e pontapés contra a justa ocupação mas não conseguiu conter nem de perto a entrada. No interior do prédio os manifestantes entregaram o abaixo-assinado com as reivindicações e protocolaram na Administração. Esta se comprometeu publicamente a dar uma resposta em no máximo uma semana, que será publicada no site da Administração. Os manifestantes saíram do prédio cantando gritos de ordem cientes de que aquele era apenas um primeiro passo de muitas lutas que ainda terão que ser travadas até a conquista definitiva das reivindicações. Ao final foi feita uma roda de avaliação com alguns dos presentes.


As tarefas atuais dos estudantes do povo


                Apesar de toda preparação prévia, da agitação no dia do protesto, a baixa adesão é um reflexo da tradição governista (especialmnte do PT) impregnada nos movimentos do Paranoá e que a 4 anos vê suas lideranças participando do Governo do DF (e a uma década do Governo Federal!), esquecendo a organização de base e hoje todos lotados nos cargos de administração. Isso impôs uma grande paralisia para as lutas da comunidade, reduzindo a atuação dos setores ditos de "esquerda" a questões meramente culturais (e sem o devido enfrentamento com o Estado inclusive nessas questões). Além disso, ainda temos a UBES que só aparece para colocar ônibus na porta das escolas e levar os estudantes como massa de manobra pra esplanada, nunca teve real interesse em mobilização, pois é pau-mandada do governo, defendendo inclusive a Copa do Mundo da FIFA! Portanto, existe uma herança e uma tradição à qual devemos renunciar: a tradição petista. Ela só traz ilusões e desorganiza os estudantes e o povo. Porém, a pouca quantidade foi contrabalanceada com a alta qualidade. Mostramos que povo unido é povo forte e tem capacidade para se fazer ser atendido e ouvido.

             A manifestação nos ensinou que se com 50 ou 60 estudantes podemos impactar o governo e incomodá-los, nossa meta é mesmo mobilizar e organizar centenas e milhares de estudantes e trabalhadores, pois somos a maioria e unidos somos fortes! Devemos, portanto, reconstruir um novo movimento de massas que seja combativo, classista e independente, é a única forma de avançar ao mesmo tempo em honramos verdadeiramente os mártires revolucionários que morreram nas Ditadura!
 
EDSON LUÍS? PRESENTE!

POR TRANSPORTE E EDUCAÇÃO A SERVIÇO DO POVO!

ABAIXO A UNE E UBES GOVERNISTAS!

AVANTE O MOVIMENTO ESTUDANTIL CLASSISTA E COMBATIVO!









 

 


 

 

terça-feira, 25 de março de 2014

28 de Março - Protesto no Paranoá: Dia Nacional de Luta dos Estudantes

Aos estudantes da UnB e moradores do entorno e periferia sul e norte, para facilitar o deslocamento, haverá concentração no Ceubinho da UnB às 10h do dia 28 (sexta) para saída em comboio num ônibus para o Paranoá. Compareça!

Avante juventude! A luta é o que muda! O resto só ilude!



Solidariedade aos perseguidos políticos no Rio Grande do Sul! Liberdade aos indiciados do Bloco de Lutas pelo Transporte!

sexta-feira, 21 de março de 2014



O GERMINAL
Boletim da Oposição Estudantil C.C.I.
www.oposicaocci.blospot.com  | oposicaocci@yahoo.com.br
Ano VII, nº32 - Março de 2014 - Desde 2007 na luta pela Universidade Popular



Quando o “novo” fica velho:
cotas, esquerda, Aliança e o CEB proto-Parlamentar[1]

Preto na universidade causa mesmo problema. Em pleno debate que se institui na UnB sobre retirada ou adição das cotas raciais às cotas sociais, o espaço do movimento estudantil parece não pertencer aos estudantes. O Conselho de Entidades de Base (CEB – reunião do todos os Centros Acadêmicos da UnB) convocado para 20 de março, dirigido pela gestão do DCE - Aliança Pela Liberdade, preferiu debater festas e ignorou as cotas. Poderiam ter fingido algum interesse no debate. Mas nem a presença significativa do movimento negro convenceu a Aliança. Vão ficar confinados na opnião “democrática 2.0”, mera virtualidade. Os pretos novamente tiveram que se retirar do espaço. Era que, presencialmente, discutir os investimentos, lucros e riscos do Bota Fora era mais importante.

Até aqui nada de novo. É o que a Aliança se propõe, é o que a Aliança faz. Mas seus métodos são cada vez mais aprimorados. Neste CEB, os Centros Acadêmicos nem tiveram a oportunidade de votar a pauta antes do início da sessão. Nem antes, nem depois. Durante a pauta das festas, a segunda fala de um colega do serviço social criticou que na oportunidade estávamos deixando de debater cotas e propôs a alteração da pauta. Uma questão de ordem que sequer foi considerada. Como se diz no jargão, a direção do CEB “atropelou”, “tratorou”.

Mas tudo que é ruim pode piorar. Como não foi debatido a pauta no início da sessão do CEB, ao término da primeira pauta – eleições do DCE – a Aliança passou imediatamente para o outro assunto de seu interesse: as “populares” festinhas terceirizadas. Neste ponto tudo fez sentido: festas e (re)eleições de DCE.

É compreensível. Talvez tenha aumentado, mas não seja significativo a presença dos pretos e pobres na universidade. Logo, para que discutir cotas? A Aliança é favorável ao mérito, e certamente consideram menos mérito ingressar na UnB por cotas. Então se a grande parcela dos estudantes é branca e de classe de renda média e alta, festas talvez seja mesmo uma demanda mais emergente deste “mundo acadêmico”. Ao fazê-las, mais votos deste público, da “clientela” desta gestão.

Mas o que foi debatido na pauta “eleições”? Composição da Comissão Eleitoral. Justo. Já que a atual gestão do DCE deveria ter encerrada ano passado. Dois acontecimentos aparentemente sem importância merecem destaque. Primeiro, antes do início da eleição dos membros titulares e suplentes da Comissão, um estudante das ciências sociais quis adicionar seu nome e foi sumariamente vetado, tanto pela direção do CEB quanto pelo plenário, que se manifestou contra ou se calou. A alegação foi que, regimentalmente, os nomes deveriam ter sidos propostos até o início da sessão do CEB. Porém, regimentalmente, também se fala que os “postulantes a membros da Comissão Eleitoral deveriam estar presentes”. Um estudante da Engenharia não estava, e a Aliança permitiu que seu nome permanecesse na lista da Comissão. Ignorou o regimento neste caso. Usou dois pesos e duas medidas. Porque?

Segundo, é o motivo da insistência da Aliança na gestão do DCE mesmo tendo encerrado seu mandato. Esta questão de ordem foi colocada no CEB, e ignorada. Foi proposto que a atual Comissão Eleitoral, uma vez eleita, assumisse inteirinamente o DCE a partir dali até a ocorrência da próxima eleição. Qual alegação da Aliança para inviabilizar até mesmo o debate desta vez? A ata da Comissão Eleitoral deveria ser protocolada e autenticada pelo Cartório de registros. Só depois da Ata ser considerada válida pelo cartório poderia iniciar o processo eleitoral e só assim entregariam a gestão. Mas o que isso significa? Que a deliberação dos estudantes está subordinada a tutela de uma instituição reconhecedora de firmas e contratos. Quer dizer, uma instância que em nada tem a ver com o movimento estudantil. Um ente externo perante o qual devemos prestar contas e submeter nossas deliberações e documentos. Como se o CEB não fosse legítimo em si mesmo para ratificar sua Ata de reunião. O cúmulo da ingerência. Um absurdo burocrático.

E a “esquerda”? Bem, ninguém se manifestou. Certamente estavam atônitos com as próximas eleições de DCE, nem mesmo crítica a terceirização das festas fazem agora. Todos aqueles partidos que a Aliança genericamente gosta de criticar – PT, PCdoB, PSTU, PSOL , todos presentes, inclui-se Honestinas –, nenhum destes afirmou oposição diante da preferência das festas em detrimento das cotas, da inclusão de um nome da lista da Comissão Eleitoral e da extensão por motivos burocráticos da gestão do DCE. O PT ainda se expôs ao ridículo ao falar que votou errado para um nome da Comissão e quis voltar atrás. É óbvio que todos, inclusive a direita, reconheceu o oportunismo. O CEB negou.

Parece que esta esquerda partidária-eleitoral, igualmente burocrática, andou ensinando e aprendendo com os liberais da Aliança. O que estes partidos fazem no movimento sindical, permitindo a tutela do Estado e do Ministério do Trabalho sobre o movimento dos trabalhadores, agora a Aliança reproduz com adaptações no movimento estudantil. A Aliança é o “petezinho” na UnB, tudo que fere seus interesses e o “governo central” – a Reitoria, eles blindam. Ao fim, ela fez do nosso movimento o que os partidos eleitoreiros tanto ensinaram nos últimos anos: autoritarismo e burocracia. A exemplo do CEB, transformou o movimento estudantil num proto-parlamento. O povo não tem voz. E os pretos e pobres sairam perdendo hoje, novamente. Até quando? Junho mostra o caminho: vai ser necessário uma insurgência na UnB!

Oposição CCI – Combativa, Classista e Independente ao DCE da UnB
7 anos na luta com democracia de base e ação direta




[1] A Aliança Pela Liberdade foi eleita em 2012 defendendo o “parlamentarismo estudantil”, proposta formalmente rechaçada pelo CEB. No entanto, na prática, transformaram as instâncias do movimento estudantil naquilo que conceberam como “parlamentarismo”. Para entender esta concepção e a crítica, leia O GERMINAL nº27, de novembro de 2012: www.oposicaocci.blogspot.com