terça-feira, 25 de março de 2014

28 de Março - Protesto no Paranoá: Dia Nacional de Luta dos Estudantes

Aos estudantes da UnB e moradores do entorno e periferia sul e norte, para facilitar o deslocamento, haverá concentração no Ceubinho da UnB às 10h do dia 28 (sexta) para saída em comboio num ônibus para o Paranoá. Compareça!

Avante juventude! A luta é o que muda! O resto só ilude!



Solidariedade aos perseguidos políticos no Rio Grande do Sul! Liberdade aos indiciados do Bloco de Lutas pelo Transporte!

sexta-feira, 21 de março de 2014



O GERMINAL
Boletim da Oposição Estudantil C.C.I.
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Ano VII, nº32 - Março de 2014 - Desde 2007 na luta pela Universidade Popular



Quando o “novo” fica velho:
cotas, esquerda, Aliança e o CEB proto-Parlamentar[1]

Preto na universidade causa mesmo problema. Em pleno debate que se institui na UnB sobre retirada ou adição das cotas raciais às cotas sociais, o espaço do movimento estudantil parece não pertencer aos estudantes. O Conselho de Entidades de Base (CEB – reunião do todos os Centros Acadêmicos da UnB) convocado para 20 de março, dirigido pela gestão do DCE - Aliança Pela Liberdade, preferiu debater festas e ignorou as cotas. Poderiam ter fingido algum interesse no debate. Mas nem a presença significativa do movimento negro convenceu a Aliança. Vão ficar confinados na opnião “democrática 2.0”, mera virtualidade. Os pretos novamente tiveram que se retirar do espaço. Era que, presencialmente, discutir os investimentos, lucros e riscos do Bota Fora era mais importante.

Até aqui nada de novo. É o que a Aliança se propõe, é o que a Aliança faz. Mas seus métodos são cada vez mais aprimorados. Neste CEB, os Centros Acadêmicos nem tiveram a oportunidade de votar a pauta antes do início da sessão. Nem antes, nem depois. Durante a pauta das festas, a segunda fala de um colega do serviço social criticou que na oportunidade estávamos deixando de debater cotas e propôs a alteração da pauta. Uma questão de ordem que sequer foi considerada. Como se diz no jargão, a direção do CEB “atropelou”, “tratorou”.

Mas tudo que é ruim pode piorar. Como não foi debatido a pauta no início da sessão do CEB, ao término da primeira pauta – eleições do DCE – a Aliança passou imediatamente para o outro assunto de seu interesse: as “populares” festinhas terceirizadas. Neste ponto tudo fez sentido: festas e (re)eleições de DCE.

É compreensível. Talvez tenha aumentado, mas não seja significativo a presença dos pretos e pobres na universidade. Logo, para que discutir cotas? A Aliança é favorável ao mérito, e certamente consideram menos mérito ingressar na UnB por cotas. Então se a grande parcela dos estudantes é branca e de classe de renda média e alta, festas talvez seja mesmo uma demanda mais emergente deste “mundo acadêmico”. Ao fazê-las, mais votos deste público, da “clientela” desta gestão.

Mas o que foi debatido na pauta “eleições”? Composição da Comissão Eleitoral. Justo. Já que a atual gestão do DCE deveria ter encerrada ano passado. Dois acontecimentos aparentemente sem importância merecem destaque. Primeiro, antes do início da eleição dos membros titulares e suplentes da Comissão, um estudante das ciências sociais quis adicionar seu nome e foi sumariamente vetado, tanto pela direção do CEB quanto pelo plenário, que se manifestou contra ou se calou. A alegação foi que, regimentalmente, os nomes deveriam ter sidos propostos até o início da sessão do CEB. Porém, regimentalmente, também se fala que os “postulantes a membros da Comissão Eleitoral deveriam estar presentes”. Um estudante da Engenharia não estava, e a Aliança permitiu que seu nome permanecesse na lista da Comissão. Ignorou o regimento neste caso. Usou dois pesos e duas medidas. Porque?

Segundo, é o motivo da insistência da Aliança na gestão do DCE mesmo tendo encerrado seu mandato. Esta questão de ordem foi colocada no CEB, e ignorada. Foi proposto que a atual Comissão Eleitoral, uma vez eleita, assumisse inteirinamente o DCE a partir dali até a ocorrência da próxima eleição. Qual alegação da Aliança para inviabilizar até mesmo o debate desta vez? A ata da Comissão Eleitoral deveria ser protocolada e autenticada pelo Cartório de registros. Só depois da Ata ser considerada válida pelo cartório poderia iniciar o processo eleitoral e só assim entregariam a gestão. Mas o que isso significa? Que a deliberação dos estudantes está subordinada a tutela de uma instituição reconhecedora de firmas e contratos. Quer dizer, uma instância que em nada tem a ver com o movimento estudantil. Um ente externo perante o qual devemos prestar contas e submeter nossas deliberações e documentos. Como se o CEB não fosse legítimo em si mesmo para ratificar sua Ata de reunião. O cúmulo da ingerência. Um absurdo burocrático.

E a “esquerda”? Bem, ninguém se manifestou. Certamente estavam atônitos com as próximas eleições de DCE, nem mesmo crítica a terceirização das festas fazem agora. Todos aqueles partidos que a Aliança genericamente gosta de criticar – PT, PCdoB, PSTU, PSOL , todos presentes, inclui-se Honestinas –, nenhum destes afirmou oposição diante da preferência das festas em detrimento das cotas, da inclusão de um nome da lista da Comissão Eleitoral e da extensão por motivos burocráticos da gestão do DCE. O PT ainda se expôs ao ridículo ao falar que votou errado para um nome da Comissão e quis voltar atrás. É óbvio que todos, inclusive a direita, reconheceu o oportunismo. O CEB negou.

Parece que esta esquerda partidária-eleitoral, igualmente burocrática, andou ensinando e aprendendo com os liberais da Aliança. O que estes partidos fazem no movimento sindical, permitindo a tutela do Estado e do Ministério do Trabalho sobre o movimento dos trabalhadores, agora a Aliança reproduz com adaptações no movimento estudantil. A Aliança é o “petezinho” na UnB, tudo que fere seus interesses e o “governo central” – a Reitoria, eles blindam. Ao fim, ela fez do nosso movimento o que os partidos eleitoreiros tanto ensinaram nos últimos anos: autoritarismo e burocracia. A exemplo do CEB, transformou o movimento estudantil num proto-parlamento. O povo não tem voz. E os pretos e pobres sairam perdendo hoje, novamente. Até quando? Junho mostra o caminho: vai ser necessário uma insurgência na UnB!

Oposição CCI – Combativa, Classista e Independente ao DCE da UnB
7 anos na luta com democracia de base e ação direta




[1] A Aliança Pela Liberdade foi eleita em 2012 defendendo o “parlamentarismo estudantil”, proposta formalmente rechaçada pelo CEB. No entanto, na prática, transformaram as instâncias do movimento estudantil naquilo que conceberam como “parlamentarismo”. Para entender esta concepção e a crítica, leia O GERMINAL nº27, de novembro de 2012: www.oposicaocci.blogspot.com